Thursday, September 22, 2005

Carta de Adolf a António, Parte II

Abri demasiadas linhas de combate, agora entendo-o. Foi um erro ter avançado para Oriente. Devia ter continuado a avançar para Sul, conquistado Espanha e oferecer-ta como uma celebração da nossa amizade. Sabes, és realmente o meu único amigo, e esse Franco não me convence. Sim, ter-te-ia dado Espanha! Lamento que não se tenha concretizado; tive mais olhos que barriga.
Temo pela minha vida, mesmo dentro do círculo de generais que me rodeiam. Os recentes fracassos fazem com que questionem a minha liderança, e há boatos da existência de grupos de conspiração dentro do Partido. Imagino que lá para Julho me tentem matar. Mas é apenas um boato. De todas as formas, há gente muito boa a rodear-me, com muitos princípios e grande valor. Stauffenberg é disso exemplo! Acabo de recebê-lo, e proferiu palavras de grande valentia e solidariedade para comigo. Penso promovê-lo em breve.

Mas deixemos os generais fazer o seu trabalho, e falemos de nós. Porque nascemos assim? Já te fizeste essa pergunta? É a questão que me assombra todo o dia. Somos uns animais do mais nefasto que há, o Diabo sobre a Terra. Manchamos a negro e vermelho a História do Mundo. Fiz e faço derramar muito sangue por toda a Europa e Norte de África. Torturo, massacro, persigo, separo, esventro, decepo, esgano, enforco, gaseio... hediondo, verdade? Sou um cabrão, sei disso. Pergunto-me se será resultado de ter uma pila pequena. Sim, tenho-a muito pequena. Sempre foi motivo de troça por parte dos meus companheiros (trato-os por companheiros e não por amigos, reparaste?) de escola. Sabes como me chamavam na escola? Adolfinho 2 cm. E foi duro António, muito duro. Os meus pais nunca souberam justificar tamanha pequenez, e hoje dou-me conta que também a minha mãe nunca foi uma pessoa realizada. Será que tudo o que acontece actualmente é a manifestação de toda a raiva interior que procede dessas dificuldades de infância e adolescência? Diz-me o que pensas porque eu, por mais que tente, não obtenho a resposta.
Por outro lado, já consigo abordar melhor essa pequenez. Apercebes-te disso, verdade? Já falo sem qualquer tipo de complexos, sim ou não?? Sim! E sabes quê? Ter conhecido a Eva fez-me dar valor a outras coisas que não tanto o tamanho. Diz-me que sou um "peso-pesado na cama", um "Panzer descontrolado", um "porta-aviões a kerosine". No momento mais quente chama-me "bombom austríaco", e emite o seu guincho descontrolado capaz de acordar um morto dentro dos 2.000.000 cujas vidas já apaguei. E eu derreto-me com as suas palavras!

O meu bigode é directamente proporcional ao meu instrumento! Sabias ou não? Sim!!!! Revelo-te isto como um segredo a dois. Mas ao milímetro! Creio ser a parte do meu corpo que mais cuido, o bigode! 2 cm de longitude, 1 cm de largo. Ficará isto entre os dois, ok? A Eva suspeita-o, mas não tem certezas. E é este tipo de informação que se compartilha entre dois bons amigos, porque a amizade é isto, verdade? É contar os nossos problemas e anseios, os nossos sucessos e conquistas, e saber não troçar, porque amigos são amigos. Entendemo-nos mesmo bem, agora não duvido! Envio-te algumas fotos da Eva em trajes menores. Bela, verdade? Que seios tão bem desenhados, um exemplo de proporção divina! E a sua tez, um branco neve que cria desejo até no Céu. Achas que Jesus Cristo me perdoará por tudo o que faço? Por um lado é Rei dos Judeus, por outro foi traído pelos Fariseus. É uma dúvida que tenho, e como sei que a tua relação com a Igreja é muito mais profunda que a minha, pedia-te que averiguasses sobre tudo aquilo que me inquieta aí pela tua terra. Esse livro do Padre Amaro é de leitura fácil? É que preciso de um livro que se leia bem para distraír-me, já que estou farto de tudo o que me rodeia. Preciso de descontrair, desligar um pouco deste mundo.

E tu? Fala-me de ti! Contavas com esta carta?
Tens com certeza uma vida fácil aí por Portugal. As pessoas não dão problemas, vivem num estado de narcose religiosa, completamente absorvidas na sua fé desmesurada. Tu soubeste fazer as coisas António, és um filho de um porco muito inteligente. Vais governando o país como se de uma casa de Família se tratasse, e através da trindade Família, Religião e Pátria vais mantendo o Oceano tranquilo. Mas sabes o que acho? Devias ser ainda mais filho de um porco e optar por uma governação militarista! Dá um pouco de acção à tua vida, e avança por Espanha dentro. O Franco anda entretido a matar os catalães, e tu devias aproveitar e lançar uma blitzkrieg sobre Espanha. Disponibilizo-te uma meia dúzia de Stukas, uns 15 Panzers e estás por tua conta. Queres ficar na História como um filho de um porco ou um grandessíssimo filho de um porco? A História só se escreve uma vez António. Pensa nisso como deve ser. Fiquemos como grandes, não como pequenos.

Continua (Esta carta é um documento histórico de valor inquestionável. É reveladora da íntima relação entre o Führer alemão e António de Oliveira Salazar)