Thursday, September 01, 2005

Empreendorismo selvagem: Pearl Harbor, Nagasaki, Hiroshima, Danzig, Guadalcanal, Stalingrado

Pearl Harbor, Nagasaki, Hiroshima, Danzig, Guadalcanal, Stalingrado.

Vivemos numa sociedade cada vez mais ávida em fazer dinheiro. A riqueza tende a centralizar-se cada vez mais, e a pobreza a disseminar. Dinheiro concentra dinheiro. A sociedade é cada vez mais individualista, e a ética é um conceito "démodé". Todos os nosso esforços se centram cada vez mais na nossa pessoa, e menos no que nos rodeia. Custa-nos cada vez menos passar por cima dos outros. Cremo-nos cada vez mais inteligentes, mas somos cada vez mais selvagens.

Proposta: Numa das minhas viagens pelo Porto descobri este barco. Dá uma boa fotografia como mínimo; o naufrágio sempre teve a sua magia. "Robinson Crusoé" vendeu mais que os "Maias". Com certeza que se Eça tivesse concebido uma história em que a família Maia tivesse chegado ao Ramalhete depois de um naufrágio nas águas do Tejo, o seu livro teria tido maior êxito. E se pelo caminho tivessem encontrado o Padre Amaro e a menina Amélia numa cena de intenso cariz romântico, a bordo de um pequeno bote de madeira chamado "O Presépio", o sucesso seria a uma escala inimaginável.

Portugal vive um momento dramático. Necessitamos de sair da crise, seja como fôr. Não acredito nos políticos, num salvador da pátria. Cada um de nós, debaixo da capa do individualismo que rege o mundo actual, deverá buscar a solução para si. Não nos devemos sentir mal por isso, afinal de contas ninguém faz nada por nós. Apenas jogamos as regras do jogo, e neste jogo ganha quem ficar com mais queijinhos no final. Não há vencedores globais, apenas um. O mundo é selvagem, e só nos devemos preocupar com a nossa sobrevivência.

Com base nessas premissas, eu já tenho o meu negócio a correr: O barco . O que antes era uma mera foto, tornou-se rapidamente numa oportunidade de negócio. Imaginemos: 30 soldados dissidentes portugueses dum corpo de elite das forças armadas, regressavam a bordo deste barco da batalha de El Alamein, onde haviam estado a guerrear o Africa Korps de Rommel (a Raposa do Deserto). O cenário é idílico: as suas mulheres prestes a receberem-nos em terra, braços no ar, beijos a serem lançados desde a margem, os filhos abraçados às mães, lágrimas a misturarem-se com as águas do Douro. Estes 30 homens eram os mais recentes heróis da pátria, prontos a desembarcar na terra onde nasceu o Infante, a terra ínvicta de todo o Portugal.
Nisto, dos ares surge uma esquadrilha de Stukas que perseguiam o barco desde a Argélia, destinados a fazer cair o terror desde os céus. O cataclismo sobre a terra. 20.000 balas disparadas que fizeram o barco encontrar o fundo do rio. Em poucos segundos, a cor vermelha mistura-se com as águas do Douro, e a população refugia-se como pode. Um cenário de glória transforma-se num cenário de devastação. Um episódio que poderá jamais cair no esquecimento humano. Um episódio que o Ayatollah insiste em relembrar, numa inesquecível viagem no seu bote de plástico. Visitas em 4 línguas. Bebidas a bordo.

10€ Adultos
5€ Estudantes
3,5€ Grupos

Espectáculo apoiado pelo Ministério da Cultura, Museu do Vinho do Porto e Radio Bar.