Lausanne
Enquanto a França arde, resolvi passar uns dias num "resort" da Suiça chamado Lausanne.
Sim, os últimos dias em França têm sido de tensão. Os habitantes dos ghettos franceses resolveram sair da latência, e relembrar-nos que existem. Mais importante que tudo, fazem a Europa questionar o modelo social de assistência e bem-estar que a caracteriza, assim como o seu projecto de integração cultural. E tudo teve início no país que melhor representa esse modelo social, e que tanto contribui para o seu orgulho e afirmação perante os demais países: a França.
Por Lausanne encontrei tudo mais calmo. Uma cidade interessante, envolta num cenário de verdadeira beleza. O lago Léman a intrometer-se entre a cidade e os Alpes franceses; podemos ver o Monte Branco a tocar os limites do céu nos dias de menor nebulosidade. Mas com tantos carros queimados no país vizinho, a nebulosidade foi presença quase constante.
Por outro lado, e paradoxalmente, senti também um certo desconforto... embora o lago conceda à cidade uma (a partir daqui acabam os acentos, por falha tecnica) sensaçao de abertura e de intimidade com a natureza, o centro da cidade revela-se um pouco fechado, cinzento e um pouco claustrofobico, talvez pelo proprio relevo em que se edificou a cidade... ruas ingremes, curvas e predios, que pelo menos a mim me fizeram sentir como se estivesse numa capsula. E depois nota-se claramente um maior excesso de zelo e organizaçao, um maior sentido de cidadania e respeito, que podem igualmente contribuir para essa sensaçao um pouco Orwelliana de excesso de controlo ou de escassez de liberdade de movimento. E a nos, latinos, custa-nos bastante viver em espaços onde a espontaneidade perdeu o lugar para a planificaçao. Enfim, encontrei em Lausanne a antitese de Barcelona. Nao sei ainda se e melhor ou pior, pois precisaria de mais tempo para uma avaliaçao mais racional.
NOTA: estive apenas 2 dias na Suiça, pelo que entendo que muitas destas observaçoes possam ser fruto de algumas ideias pre-concebidas ou escassez de dados concretos de avaliaçao.
Termino por dizer que o motivo da viagem foi inteiramente diplomatico, para visitar um seguidor da causa islamica que desenvolve a sua actividade em Lausanne. Ayatollah e um homem de fe, e como tal renunciou a posse, vivendo na austeridade. Assim, esse seguidor de nome JC (INRI) ajudou o Ayatollah nas suas necessidades basicas (alimentaçao) e ate o levou a um concerto de dEUS. Um concerto com uma acustica mediocre, mas com 2 ou 3 bons momentos. Deixo algumas imagens, para quem (e bem) se rende aos prazeres visuais em deterimento da leitura das minhas cronicas.
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