Tuesday, July 26, 2005

Londres, diário negro

Londres, Capital Olímpica do Tiro ao Alvo. São 8.29 da manhã, e José Casimiro Matias, um luso-serralheiro desce apressadamente as escadas da estação de Convent Garden. Como sempre, leva consigo a sua mochila com todas as ferramentas e com o farnel, que a mulher carinhosamente preparou nessa mesma manhã.

John Moore ("Babyface", como lhe chamavam os amigos do bairro mineiro WestBromwhich, de Liverpool), 27 anos, polícia recém-formado pela Real Academia de Polícia de Londres. A sua primeira semana de trabalho está prestes a terminar, e ainda não precisou de premir o gatilho. Hoje em dia, as ordens superiores são muito claras: "Disparar em caso de dúvida". Ainda ontem o podia ter feito, quando duvidou que 3 reformadas britânicas tivessem em dia o seu cartão de aposentadas para os transportes públicos. Decidiu não disparar, pois na hora H foi inundado por um acesso de caridade que ainda hoje não pode explicar. Passou toda a noite às claras, questionando o seu profissionalismo.

José Casimiro (LaCasitos, como lhe chamavam os amigos dos campos de morango da Andaluzia, onde tinha estado 3 anos antes) acaba de recolher o bilhete da máquina de validação de entrada, entrando no extenso corredor que dá acesso à linha verde. Precisa de continuar a correr já que não pode perder o metro das 8.32. Já sabe que o seu patrão não tolera atrasos, ainda menos por parte dos estrangeiros.

John olha o seu relógio de quartzo Made in Taiwan, que está invariavelmente atrasado. Como detesta os chineses, pensou. Sempre sentiu uma atracção pela Madeira, sobretudo depois de saber que não se permite a entrada a estes indivíduos de olhos em bico que comem cães e gatos e que ganham em todas as modalidades dos Jogos Olímpicos. O seu sonho é levar Paloma, a sua namorada espanhola, a viver nessa ilha. Enretanto, necessita de juntar dinheiro e o corpo de polícias parece-lhe a opção correcta. Pergunta-se agora como soará um disparo no subsolo. Tira os olhos do relógio, e analisa o seu entorno. Nada parece suspeito, à excepção de 2 reformadas que comentam sobre os últimos acontecimentos da capital. Falam em cataclismo e em como o mundo está perdido. John Babyface não suporta reformadas. Sempre lhes tem que ceder o lugar no autocarro, não suporta o seu cheiro a curativo e aspirina. Detesta as suas conversas e a cultura do lamento em que invariavelmente vivem e exploram. Questiona se merecem um balázio. Gera-se a dúvida! As ordens são demasiado claras... matar em caso de dúvida.

José desce apressadamente o último lanço de escadas, quando o metro está a dar entrada na estação. Decide terminar a descida com um glorioso salto das 5 escadas finais, para entrar com muito estilo nos acessos ao metro. Costumava-o fazer na estação da CP da Pampilhosa, com o seu amigo Santiago, quando cumpriam serviço militar no Entroncamento.

John Babyface detém o seu olhar de ave de rapina no postal que desce as escadas apressadamente de mochila às costas. Esquece por uns segundos as reformadas. Nunca pensou poder ver algo assim na sua cidade. Esse indivíduo desce as escadas de cigarro na boca, bigode farfalhudo, camisa bem aberta e com óculos de sol Raybã. Parece um pardal em pleno vôo. Mas que tipo de gente pode entrar no metro desta forma, pergunta-se John Babyface. "Já vi destes bigodes no Rambo, operação Afganistão", diz John. Este indivíduo magricelas está demasiado bem treinado para ser um worker. Vou dar-lhe 5 segundos de benefício de dúvida. Qualquer gesto estranho significará balázio.

"Lacasitos" vive para o estilo. Diz-se ser Metrossexual, e está dentro de todas as tendências. Diz que vive na cidade onde a moda começa e onde a mesma acaba. Diz estar no centro do mundo. Antes de entrar no metro, e como sempre, benze-se e toca o solo com a mão direita, como sempre vê fazer os seus ídolos da SuperLiga Portuguesa: Horácio, Calila, Nuno Gomes. Gosta de deixar uma película de saliva no solo, de forma a fomar uma ponte suspensa entre o rebordo do vagão e o passeio. Por vezes, quando vai mais sobrado de tempo, beija o solo, sentindo-se João Paulo II à saída do Papavião.

John Moore olha persistentemente para este indivíduo repugnantemente idiota. Acha o seu comportamento tão bestial, que decide atirar a matar. Não gosta de ver a sua cidade impregnada de idiotas.

Os tiros soam igual em todas as partes, pensa Babyface enquanto atira o corpo de Casimiro para a linha. É o 4º morto do dia em toda a cidade. Recolhe cuidadosamente os seus pertences, de forma a que possam ser enviados à família. Já não se lembrava o saborosa que era a sandwich de tortilla de batatas. Provou-a em Madrid, no dia em que conheceu Paloma, em plena Plaza del Sol. Não entende porque a vítima não a tinha comido ainda.

O corpo de Casimiro permaneceu na linha durante 4 dias, ao fim dos quais a Embaixada Portuguesa decidiu enviar um estagiário para que recuperasse o cadáver e o empacotasse de forma a poder ser enviado num Hércules C130 para a capital portuguesa. Casimiro não deixa descendência.

Os Ayatollah's também choram

Hoje descobri que os Ayatollah's também choram. A última vez que chorei não era ainda um Ser superior, um Ayatollah. É inimaginavelmente duro ver um amigo de 36 kg envolto em 80 kilos de explosivos correr de encontro a um autocarro da Carris em pleno Chiado, e no meio da corrida morrer sufocado do esforço aplicado em nome da fé. Abrahim Abdullah Afratish (3 A's Girassol, como era conhecido na rua) era o seu nome. A bomba nunca chegou a explodir.

Tudo isto para dizer que fui convidado para "postar" no Radio Bar Blog (cujo link está à sua disposição no meu majestático Blog), e após duras conversações e revisões das premissas contractuais decidi vender-me a essa célula fraticida proxeneta denominada Salazar Bros Incorporated Asshole Lost Society. Assim, a partir de hoje, poderei trazer uma vez mais o Inferno à Terra, usando essa plataforma de gente culta predestinada ao fracasso para difundir a minha palavra e disseminar a paixão por Allah e Maomé, esses 2 espécimes invertebrados que deambularam pelo planeta quando ainda não se fabricava azeite.

Assim, aqui deixo a minha primeira frase sagrada:

Radio Bahr Ein. Um espaço abençoado pela luz divina que ilumina duas vezes. O lugar onde podes encontrar as 100000 virgens do Corão, sem necessidade de perder a vida. Bem hajam!

Sunday, July 17, 2005

Imprensa em Portugal: reflexões, por Ayatollah Baloni

Domingo, 17 de Julho, 23:46. Dia de aniversário de David Hasselhoff (1952), dia da morte de Adam Smith em 1790. A 17 de Julho de 1955 abria a Disneyland em Annaheim, e em 1975 Timor Leste era anexado pela Indonésia. A 17 de Julho de 2005, o Grande Ayatollah abre o jornal Público Online e é alvo de mais um derrame cerebral, cuja consequência pode ler-se a seguir.

Abrir um jornal português é cada vez mais um acto de valentia. Julgo que o exército português devia introduzir este exercício básico no curso de Luso-Marines já a partir de 2006, para preparar os nossos jovens soldados para a arte de bem guerrear. Julgo, também, que o governo devia impedir a compra de jornais por jovens menores de 18 anos quando não acompanhados por um maior, e não seria demais a impressão da bola vermelha no canto superior direito da capa, com a respectiva advertência.

Publico os 6 títulos de hoje:

Mahmoud Abbas promete fazer cessar ataques contra israelitas
Incendio em Espanha mata 14 pessoas
Benfica perde frente ao Chelsea por 1-0
Marques Mendes diz que Governo traiu cinco promessas em cinco meses
Quatro ataques suicidas fazem 22 mortos no Iraque
Jardim ameaça levar Governo a Tribunal por faltar a compromissos

Lendo todos os títulos, pergunto-me... não é possível apresentar a notícia de uma forma menos impetuosa, sem ferir os sentimentos de 6 milhões de portugueses? É que estamos a falar de 60% da população portuguesa, gente com expectativas, trabalhadora, honrada e respeituosa. Porque não escrevem: “Golo de Ricardo Rocha não foi suficiente para conseguir a vitória” ou, simplesmente, “Golo de R. Rocha não chegou para humilhar o Chelsea”. Duas linhas abaixo, no entanto, escreve-se: “Quatro ataques suicidas fazem 22 mortos no Iraque”. Porquê esta diferença na forma de apresentar a notícia? Se se tivesse utilizado um tom idêntico ao da notícia do Benfica, teríamos mais ou menos isto: “Quatro ataques suicidas fazem 22 mortos no Iraque, com os seus orgãos a serem espalhados num raio de 398 kilómetros, com 2 testemunhas sírias a garantir terem visto passar 6 rins perseguidos por 8 olhos voadores. O governo iraquiano já pediu aos cidadãos que não utilizem os orgãos para cozinhar, pois serão essenciais na identificação dos corpos”. Claro que a notícia acabou por ser dada de uma forma mais ponderada, menos sensacionalista. E em Espanha, dizem apenas que 14 pessoas morreram no incêndio? Não faltam dados? E porque faltou à verdade o Governo quer com o Marques Mendes quer com o Beduíno Jardim? Não faltam dados? Há famílias destroçadas, casamentos em perigo? São dados que faltam!
Porquê esta diferença de critérios? Não deveria o jornal ser guiado pelos valores da coerência e igualdade no tratamento das notícias? São perguntas que ficam no ar, esperando não serem atingidas por uma orelha de um iraquiano em vôo descontrolado.

Saturday, July 16, 2005

The Ayatollah recommends

Um site de culto, onde a questão Marroki é abordada sem tabús nem preconceitos.
Um abraço sentido aos irmãos Mainstream e Ylec Trolobrahh.

http://marroki.blogspot.com/

Wednesday, July 13, 2005

Ayatollah libertado

O Glorioso Ayatollah foi libertado na noite de ontem e deixado pelas autoridades na mata do Buçaco, onde pôde por fim respirar o ar serrano da liberdade. Séculos antes, nesta mesma mata, dava-se o grande confronto entre as tropas francesas napoleónicas e o grandioso exército português, bem organizado e sempre utilizando a técnica do quadrado, uma herança da batalha de Aljubarrota e que sempre resulta em combate. Podia perder-me em explicações bélico-tácticas, explicando a essência dos vértices, a magnitude dos lados, a beleza da geometria na hora de guerrear... esse será um outro tema, para uma outra altura. Neste momento regozijo-me pelo facto de o Ayatollah se encontrar já na sua humilde casa, onde pôde regressar à sua vida isenta de pecado e de meditação transbordante.
A polícia descarta agora qualquer envolvimento deste guru do século XXI nos atentados hediondos e absolutamente reprováveis que mancharam de sangue a semana que passou, e sabe-se que a Câmara do Buçaco vai lançar um DVD infantil com a vida do Ayatollah, com animações do mestre japonês Aika Sakamoto. Será um DVD com os ensinamentos de vida do Ayatollah, exercícios de Tai Chi ministrados pelo próprio, e alguns extras que permanecem por desvendar. O DVD terá o nome provável de "Ayatollah: uma vida, um ideal, um perfeito anormal". Aguardaremos então por este lançamento, e entretanto, veja o Ayatollah esta semana em directo no programa "Eucaristia Dominical", que será o convidado especial do Padre Feliciano Obséquio Sabrosa. Até lá, um abraço a todos os que apoiaram o Ayatollah em mais um momento difícil da sua vida.

Sunday, July 10, 2005

The Ayatollah's been busted

BREAKING NEWS!

Jornal Al Razeed Jibang informa: "O Grandioso Líder Espiritual Ayatollah Baloni fui detido para interrogatório na passada noite de Sábado, por suspeita ligação aos atentados de Londres. Conduzido por 9 agentes à paisana do novo corpo policial do Buçaco, o Ayatollah declarou-se inocente dos crimes que o acusam e já recorreu aos serviços do advogado de Carlos Cruz, que se encontra agora à procura de um novo advogado. Diz o Ayatollah também que Carlos Cruz nunca esteve associado ao Projecto Bomba Correio, se bem que merecesse uma bomba no cú. Na sequência de estas declarações, Paulo Pedroso sentiu-se ofendido e disse que quem merecia bomba no cu era o Bibi, e que o Ayatollah estava a ser bastante injusto com o seu amigo da vida boémia Carlos Cruz. Jorge Sampaio veio imediatamente apelar à calma e pedir para que o discurso sobre a crise no país fosse mais contido, e que apostássemos nas exportações. Ayatollah acaba sugerindo a exportação de Carlos Cruz, Paulo Pedroso e Bibi para o Surinam, a troco de 3 cachos de banana. O Ministério dos Negócios Estrangeiros espera agora resposta por parte do Presidente do Surinam, Francis Jonathan Obriweguli, que se mostrou indisponível para decidir sobre estas temáticas ao fim-de-semana".

Thursday, July 07, 2005

Comunicado do Ayatollah Baloni na sequência do incidente de Londres

Venho por este meio descartar qualquer tipo de responsabilidade da minha pessoa no pequeno incidente de hoje em Londres.
Ja tinha avisado os meus fiéis seguidores que grama não é o mesmo que kilograma. Podemos fazer brincadeiras giras com 1 ou 2 gramas de nitroglicerina, mas brincar com kilogramas é arriscado e podemos ferir os que nos rodeiam.

Confesso que tinhamos 2 agentes em Londres, o Muhammad Ali Hatad e o Hammir Abdul Jabbar. Confesso também que acabavam de entrar na organização, e que eram jovens muito dedicados e entusiasmados com o projecto Bomba Correio. Tinham um grande potencial, mas apesar de tudo um nível de estudos baixo. E julgo que foi aqui que tudo falhou nesta solarenga manhã de 7 de Julho: as dificuldades dos nossos alunos em assimilarem o que lhes é ensinado nas escolas da nossa pátria. De que adianta aos alunos que saem do secundário saber que o quadrado da hipotenusa é igual à soma do quadrado dos catetos, se isto não vai ter qualquer aplicabilidade na sua vida laboral? Posso entender que a um piloto de aviões que passe frequentemente pelo triângulo das Bermudas possa interessar saber o valor da hipotenusa, mas isto aprende-se numa formação de empresa, não no secundário! Temos alunos que sabem que o Luís de Camões perdeu um olho, que viveu numa gruta em Macau depois de ter passado um mau bocado a nadar no Oceano Índico, e que pelo caminho acabou um livro de 10 cantos entediosos que nunca foi um best-seller, mas que nos obrigam a ler como se fosse a solução para os nossos problemas. Enfim, o Ayatollah procura como sempre colocar questões que exigem uma solução rápida por parte de quem pode mudar o sistema. Não podemos culpar os 2 jovens Muhammad e Hamir por aquilo que aconteceu hoje na cidade de Londres. Eles são vítimas desse sistema que deforma a juventude portuguesa e que não é capaz de os preparar para os problemas reais do mundo no qual se têm que integrar.

Assim, por uma melhor educação e por uma juventude capaz de enfrentar as dificuldades de amanhã, convocamos um grandioso fogo de artifício a realizar brevemente numa outra Capital Europeia, e que você poderá escolher.

O Ayatollah propõe:

1- Paris: Torre Montparnasse, o edifício que tanta polémica causa na Cidade Luz. A nossa sugestão é a sua explosão com os nossos explosivos Nitro 2001 Odissey. Uma explosão eficiente, sem deixar rastro. Tudo a um preço bem económico!

2- Lisboa: Com os nossos explosivos NitroPinto da Costa MMX, adiantaremos a conclusão do túnel do Marquês e enviaremos as sete colinas para a margem sul. Acabaremos o que o D. Afonso Henriques deixou por acabar.

3- Amesterdão: Explosivos Nitro Van Gogh 2KXC. Porquê contrariar a natureza? Se Allah fez da Holanda um país abaixo do nível da água, era porque o queria submergir. Não nos enganemos mais, e cumpramos um desejo divino. Por um pouco de moralidade e pelo fim das coffee-shops e do bairro vermelho, venham as águas!

Esperamos as votações!

Ass. Ayatollah Baloni

Monday, July 04, 2005

A História do Beduíno Jardim

Madeira, ano 2 D.C.*

A Novembro desse ano, a ilha da Madeira foi assolada por terríveis ventos vindos do continente africano, os quais transportaram para a ilha fauna africana de diversos tipos: insectos, répteis (crocodilos, iguanas, jacarés), mamíferos (lebres, cavalos, ursos), peixes voadores, etc. Foi um episódio do género arca de Noé, mas pelo ar, patrocinado pelo grande mecenas Allah o Grande.
Como não ficou descrito em nenhum livro sagrado, é hoje um episódio caído no esquecimento.
Na verdade, é um episódio que pouco tem de extraordinário na sua essência, mas que explica o aparecimento de um dos personagens mais activos na cena cultural portuguesa: Alberto João Jardim.

Bagui era um beduíno das florestas tropicais do Gabão, mas que tinha nascido com uma vantagem evolutiva face aos restantes beduínos selvagens gaboneses: falava português. Os pais sabendo das suas qualidades, insistiram para que se metesse a caminho e buscasse a sorte para lá da selva gabanesa, onde os rios corriam com mais água e onde as árvores nasciam com mais frutos. Bagui fez-se à estrada e saiu do Gabão, passeou pelo Quénia, pelo Chad, pelo Senegal. Deu uns tiros em Angola, fez amigos na Guiné Conacri e bebeu água dos oasis do Sahara. No entanto, ao sair do Sahara, foi colhido por ventos faraónicos e juntou-se a um safari aéreo com destino à Madeira. Aí conheceu camelos, jacarés, lontras, hipopótamos e libelinhas. Conheceu também Citlali, uma pujante orca acéfala que escravizou o pobre Bagui, até que este a engravidasse. Mais ou menos pelo meridiano 36 ocorreu a fecundação, e a orca Citlali libertou o pobre Bagui, que foi de imediato comido por um leão escarlate esfomeado do Sudão.

Por volta da semana 1276 de gestação, e apenas a 2 do parto esperado, a orca Citlali sentiu-se sem forças e fez-se arrastar até à costa da ilha onde morreu de cirrose crónica. Contudo, dentro de si levava vida. Uma criatura medonha, que saiu a muito custo do volumoso corpo da sua mãe Citlali, tendo pelo caminho devorado algumas das suas vísceras e bebido algum do seu leite putrefacto. Autointitulava-se Alberto João, rei da Madeira e do Carnaval, e nasceu com um cérebro igual ao da mamã, e um jeito para o português igual ao do pai. Depressa se refugiou na mata densa da madeira, junto com as iguanas e os escaravelhos assassinos do Cairo. Aí, aproveitando-se do seu odor nauseabundo, causou o pânico e fez-se muito jovem o rei da floresta. Alimentava-se de todo o tipo de detritos sólidos e líquidos, dotando o ecossistema de um equilíbrio invejável. Chamavam-lhe o Ecoponto.
Fez toda uma vida mergulhado na floresta, até que por volta dos anos 60 (1960), sentiu um chamamento do mundo civilizado - a política. Integrou-se num partido ao seu nível, e aí fez carreira. Continua o rei da selva, com um cheiro nauseabundo. Sai à rua quando há carnaval, e pensa como a mãezinha Citlali. Ainda hoje se alimenta de detritos, e tudo o que diz se resume a uma palavra: Lixo. Lixo, do qual se volta a alimentar e a contribuir para um mundo mais limpo. E continua a dar-se pelo nome Ecoponto!

*Nota: ano 2 D.C. refere-se a ano 2 "Depois de Cristo", isto é, a 2 anos depois do Baltazar, Gaspar e Belchior se terem deslocado casualmente em 3 camelos sanguinários do deserto da Eritreia a um lugar chamado Belém, guiados por uma estrela qualquer e alguns charros a mais, acabando por assistir a um parto fortuíto de uma família de judeus que por não terem dinheiro para um hotel, estavam refugiados numa gruta malcheirosa e acompanhados por um burro e um cabrito ou qualquer coisa do género.

Saturday, July 02, 2005

Intro

Começo por apresentar-me. Sou Aytollah Baloni, um descendente de Ayatollah Nefrumíidis e Giseia, filhos de Jacob e Iriceia, sobrinhos de Cantão e Pnoleia.
Aos 8 anos, enquanto bebia a minha primeira Rihad Cola em pleno verão Hebraico, fui vítima de um episódio isquémico cerebrovascular de alguns segundos de duração, que trouxe a mim a Luz Divina. De aí em diante, passei a viver com o Glorioso Allah dentro de mim. Sou um profeta na Terra, na Água e no Ar. Atravessei desertos, vislumbrei oásis, fui atacado por camelos sanguinários do terrível deserto da Eritreia, comi sanguessugas e beijei reformadas do Uganda em troca de comida. Vi de perto a miséria humana, expressa de várias formas... a soberba, a ostentação, a penúria, o ódio, a inveja, a vingança, a humilhação, a mentira.

O Mundo mudou depressa nas últimas décadas. Ainda ontem redigia as primeiras letras de "Blowin' in the wind" enquanto atravessava o deserto da Mongólia, e hoje B. Dylan não passa de um velho sacana internado num qualquer sanatório de Milwaukee Creek, Missouri, que procura desesperadamente a morte tomando 23 garrafas diárias de óleo de fígado de bacalhau.

Com estas sábias palavras dou início ao meu Blog. Tudo o que aqui for escrito será minuciosamente analisado pelo corpo de ajudantes da censura de Allah, e aprovado com o selo branco da inquisição divina. Damos assim início a um novo capítulo da história moderna...